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Sexo animal

10/06/2010

Essa semana, adquiri a última edição da revista Placar.

Por última, me refiro ao exemplar do mês de junho, o mês da Copa do Mundo.

E, para quem não sabe, a Placar é a maior e melhor resvista sobre futebol do Brasil, com 40 anos de história editorial.

Depois de folhear um pouco o exemplar, me deparo com a coluna de Milton Neves.

Para minha igrata surpresa – sim, admito que fiquei um tanto quanto surpreso – na Revista Placar, do mês de junho, mês da Copa do Mundo da África do Sul, o velho sabichão do jornalismo esportivo assina como autor MAIS UM texto choramingando a ausência de Paulo Henrique Ganso no Mundial.

Depois da convocação, passado o chororô público descabido, já na fase de ufanismo futebolístico total ele consegue soltar uma dessas? A explicação, após muito matutar, me pareceu ser apenas uma:

Paulo Henrique Ganso tá comendo o Milton Neves.

Calma, calma… eu sei que uma acusação, ou melhor, uma dedução desse calibre é coisa séria. Mas foi a melhor explicação que meu limitado cerebelo conseguiu arranjar para os fatos da situação.

Cheguei a cogitar que talvez Ganso estivesse envolvido em algum tipo de esquema empresário-jogador-jornalista, mas todo mundo sabe que Milton Neves nunca seria capaz de um absurdo desses. Esquema assim é coisa séria, é coisa de gente ruim, gente que chuta velhinhos pelas costas.

Vamos aos fatos: todo mundo quer um motivo pra odiar o Dunga. É por isso que existe o Felipe Melo. Ótimo. Excelente. Em escala menor, temos em Kleberson e Josué material suficiente para que a simpatia de Dunga seja digerida e transformada em críticas… mas que Seleção Brasileira – e me refiro aos escretes campeões do mundo – não teve em seu elenco sua cota de Klebersons e Josués?

Em 1970 tivemos Dadá Maravilha. Sim, aquele que parava no ar, como o beija-flor e que rendeu momentos inesquecíveis de humor na transmissão da Rede Globo na Copa de 2002, participou do time tricampeão do mundo. Sim, Dadá fez mais de 600 gols, grande artilheiro. Mas era do mesmo nível de Pelé, Tostão e Jairzinho?

Ou, trazendo as coisas para os dias de hoje, você convocaria Túlio Maravilha para disputar uma Copa do Mundo no lugar do Romário? Se bem que quase aconteceu…

Enfim, vamos usar exemplos mais recentes. Copa de 94: você sabia que entre os gols de Romário e a liderança de Dunga existe uma medalha de tetracampeão para o zagueiro Ronaldão? Que existe outra no peito de Paulo Sérgio? Você saberia me dizer em que time jogava o Paulo Sérgio? Saberia me dizer quem diabos é ou foi Paulo Sérgio?

Em 2002, todo mundo lembra do golaço do Ronaldinho contra a Inglaterra e de como Rivaldo conseguiu fazer de conta que conseguia jogar sob a camisa amarela da Seleção, mas quantos se lembram de Anderson Polga? Da posição em que ele jogava? Alguém? E do Luizão, lembram? Ah, esse já era mais famoso, né? Nível de Copa do Mundo… NOT!

Aliás, quem é aquele neguinho do Atlético-PR segurando a meiuca ali do lado do Gilberto Silva? Aquele do chutaço na trave, na final? É o Kleberson!! O Brasil já venceu uma Copa do Mundo com o Kleberson de titular. Lembra, Milton Neves?

E não podemos nos esquecer do Belletti. Muitos disputaram Copas, outros tantos venceram o torneio. Mas apenas ele teve a honra de virar quadro do Casseta & Planeta por conta de sua “técnica” “refinada”(repare que as duas palavras estão entre aspas).

Isso só pra ficar nas Copas em que o Brasil saiu carregando “essa porra” ao término do jogo final. Em outros mundiais a festa é maior, tem Zé Carlos, Júnior Baiano e Doriva  em 1998, Bismarck e Tita em 1990, Russinho e Edivaldo em 1986, Ricardinho e Mineiro em 2006…

Em seu texto para a edição de maio da Revista Placar, Milton Neves afirma sobre o banco de reservas de Dunga: “o Brasil tem o pior banco de reservas de sua história em Copas, desde 1930”.

Concordo. Dunga não vai ter a mesma que o Lazaroni teve, quando podia colocar o Tita no jogo pra tocar o terror no coração adversário.

“Com a esse banco, não viramos pra cima de ninguém nem com a vaca tossindo”.

Se ao menos tivéssemos Paulo Sérgio…

Mesmo assim, é importante lembrar que o Brasil virou uma derrota de 2 a 0 pra cima dos Estados Unidos, na final da Copa das Confederações, sem precisar dos gols de Russinho.

Então, será que precisamos tanto assim do futebol de Paulo Henrique Ganso?

O Abominável Milton das Neves acredita que sim. Ainda. Lá no seu texto, lotado de rancor devido a uma chunchada que levou do Dunga durante uma entrevista coletiva da Seleção Brasileira, ele desmente o treinador gaúcho, afirmando que seu come, digo, seu protegé santista foi titular da Seleção Sub-20 no Mundial do ano passado, e não reserva como afirmou o “professorrrr” do Luís Fabiano.

Sim Miltão, você está certo. Foi titular. Marcou 1 gol em 7 partidas contra os juniores de Austrália, Costa Rica e Gana. Será que um estágio de quatro meses jogando contra o Itabamcequara da 5a divisão do Mato Grosso foram suficientes para transformá-lo na solução de uma equipe que vai enfrentar os melhores jogadores do mundo, todos em idade adulta?

Mas é claro que não.

É claro que tem algo mais rolando na jogada.

Com uma Copa do Mundo rolando – o mais importante torneio mundial de todos os tempos do mundo do planeta Terra – acontecendo e o camarada só quer saber de Paulo Henrique Ganso? Não restam dúvidas: é porque Milton Neves andou afogando o Menino da Vila(entenderam? Afogou o Ganso! Ha! Eu sou um gênio).

Com tanto material – que eu particularmente não concordo e acho bobagem, mas que jornalista chafurda em cima e faz a festa – como a lesão de Júlio César, a pubalgia de Kaká e o jejum de gols Luís Fabiano, a ausência de Ganso é o que menos importa durante esse mês de junho.

É a busca pelo hexa! Muito mais emocionante que a de quatro anos atrás, com aquele “quadrado mágico” de Mandrake de esquina de cidade do interior se perdendo em meio as banhas de Ronaldo e Adriano e as pipocas de Ronaldinho Gaúcho.

Gansinho tá tistinho? Dá uma ligada pro Milton Neves. Ele tem na ponta da língua o remédio pra deixar qualquer animalzinho feliz(é, essa foi meio nojenta).

E após procurar entre todos os ditados futebolísticos, bordões conhecidos do esporte e trocadilhos possíveis entre bola e função do jogador, foi num velho ditado das ruas que encontrei a frase ideal para finalizar o post, resumindo em uma linha, poucas palavras, o que de fato acontece por trás da impressionante fixação de Milton Neves pelo jovem Paulo Henrique Ganso:

amor de pica é o que fica.

E é em meio às lágrimas de dor de Milton Neves que a nação se prepara para o hexacampeonato.

Com Felipe Melo, Josué, Kleberson, Júlio Baptista e Ramires. Sem Ganso.

2 comentários

  1. […] olha só, parece mesmo que meu texto sobre o “sexo animal” do Milton Neves tava certo mesmo. O Brasil já foi convocado, já treinou, já estreou, já venceu e o Merchan não […]


  2. Parabens pelo blog sensacional



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