O Fluminense já tá lá…

Apenas a polidez da imprensa esportiva evita que se fale, em todos os veículos de comunicação, sobre a verdadeira situação do Tricolor Carioca.

O Fluminense está rebaixado para a Segunda Divisão do futebol brasileiro.

Não se fala nisso pelos motivos óbvios: a intenção de respeitar um clube de futebol profissional que “tem chances” de escapar da degola, preservar jogadores e continuar encontrando o espírito consumidor dos torcedores. Mas o Flu já está na Segundona.

Sabe quando o Fluminense caiu? Assim que chegou à final da Copa Libertadores no ano passado.

Ao invés de aproveitar o momento, focar na decisão e planejar a conquista do título, o mais afrescalhado representante do infame arco-íris preferiu proferir zombarias ao maior rival, o Flamengo.

O maior problema não é nem a declarada pequenice do time, mais afeito a malhar o adversário que celebrar a importância do momento – atitude de equipes pouco acostumadas à glória da vitória – mas o mastodônico exemplo de falta de profissionalismo que o ato zombeteiro revelou em si: o pouco preparo do Fluminense para ser grande.

E se as zombarias foram prova de que o tricolor não estava pronto para vencer, as péssimas decisões administrativas da diretoria após a derrota provaram que o Fluminense estava muito menos preparado para perder.

O time priorizou o torneio sulamericano, apenas normal, e se encontrava em posição desprivilegiada na tabela do Campeonato Brasileiro. Uma péssima situação para se encontrar após uma eliminação humilhante diante da LDU, em pleno Maracanã. Mas normal. Era necessário brios, frieza e um bom técnico motivador para fazer o time se recuperar e terminar o Brasileirão de forma digna. Enquanto isso, a diretoria se mexeria para utilizar o recente bom desempenho para acertar com jogadores de nível e firmar bons contratos com patrocinadores.

Foi feito o oposto; o mesmo erro que o Fluminense vem cometendo ano após ano.

Faltou comando para empurrar o time. A diretoria se desesperou. Pensou no hoje, não no amanhã, desprezando os acertos do ontem. Aí foi o de sempre: saiu uma porrada de jogadores, veio outra montuera, o treinador foi trocado e o Fluminense começou 2009 do zero, precisando transformar o elenco num time e sem o planejamento necessário para chegar forte no Brasileirão.

Além disso, existe o dinheiro da Unimed. O maldito dinheiro da Unimed. Aquele mesmo que, ao mesmo tempo em que ajuda o Fluminense a contratar jogadores, dá poderes a empresários de fora do clube que nada entendem de futebol e divide o elenco entre salários em dia da Unimed e salários atrasados do Fluminense. Uma bagunça.

No atual futebol brasileiro, em que os clubes cada vez mais dependem financeiramente de estruturas semelhantes a de empresas, a organização reflete cada vez mais dentro de campo. Não é surpresa o ajeitadinho São Paulo lutar sempre pela ponta da tabela. Não é surpresa o destrambelhado Fluminense estar na última posição do Campeonato Brasileiro.

Os clubes de futebol brasileiros estão aprendendo, aos poucos, muito poucos, que é necessário embraçar as mudanças do mercado e alterar os conceitos e ações do marketing esportivo no país, afim de aproveitar oportunidades e conquistar saúde financeira. E os clubes cariocas estão em último na fila dos que estão acordando para essa realidade.

O Flamengo tem chances de mudança para melhor, caso eleja J.H. Areias para a presidência do clube, no final do ano. O Botafogo se esforça ao máximo para repetir os piores erros do Fluminense e se tornar pequeno, enquanto o Vasco tem uma rara e indesejada chance de começar do zero após as férias forçadas na Série B de 2009.

O Fluminense precisa mudar toda a sua forma de gerir futebol. E fará isso da Segunda Divisão, debaixo dos calcanhares dos grandes.